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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

AS 5 PERGUNTAS MAIS FREQUENTES DAS CROSSDRESSERS INICIANTES

Eu me pergunto qual é o impacto da internet na vida das jovens crossdressers. Meu percurso durante a infância e adolescência foi longo... e com quase nenhuma informação. Cada vez que eu ficava sabendo que iam exibir uma entrevista com a Roberta Close, eu dava um jeito de assistir. Perdi a conta de quantas vezes vi entrevistas dela no programa do Gular de Andrade. O mundo transgênero era cheio de mistério. Eu ia juntando pecinhas de um quebra cabeça, misturando o pouco que eu descobria do assunto com o meu desejo de me sentir mulher sempre que tinha chance. Entre reportagens assistidas na madrugada e visitas furtivas ao armário da minha mãe, meu lado feminino foi se definindo.

A realidade das adolescentes de hoje é bem diferente. Informações sobre transgêneros é o que não falta. Em poucas buscas é possível encontrar as mais variadas visões sobre o assunto. Melhor: hoje é possível entrar em contato com outras cross e trans e dividir experiências. Sempre recebo perguntas sobre o assunto, desde dicas de montagem até perguntas sobre a sexualidade... Vejam as 5 perguntas mais frequentes que costumo receber.

1 - EU SOU GAY?
Eu adoro me vestir de mulher e ter a sensação de ser mulher, mas não gosto de homens. Eu sou Gay?
Na minha experiência, quanto mais eu experimentava algo que me desse a sensação de me sentir mulher, eu queria dar um passo novo. Nas primeiras experiências, me contentava em me olhar no espelho, com o tempo queria ser vista... Até que precisei experimentar estar na cama como mulher. Nada me deixou mais realizada. Acho que a busca por essa experiência feminina está acima de rótulos, quem se importa se você é ou não Gay? Vá até onde sua busca te leva e até onde você quer ir... não se preocupe com o nome do que você sente, concentre-se em experimentar e entender o que você realmente quer.

2 -  ATÉ ONDE POSSO IR?
Tenho medo de começar a me vestir e acabar virando travesti, como posso controlar até onde eu irei com isso?
Estabeleça seus limites e vá reavaliando de tempos em tempos. É importante encaixar e adequar suas experiências à sua vida cotidiana, equilibrando com todas suas outras áreas. Claro que para isso, você deve saber que papel esse desejo de ser mulher tem na sua vida, para muitas, não há como não viver como mulher 100% do tempo. Mas para outras, ser mulher de tempos em tempos é o suficiente. Descubra como você se sente interiormente, e atenção a cada passo, andar com salto alto é mais difícil.


3 - COMO FAÇO PARA PODER ME MONTAR SEM QUE MEUS PAIS DESCUBRAM?
Eu quero muito me vestir de mulher, mas não tenho como fazer isso morando com meus pais, como fazer para experimentar isso com mais frequência.
Essa é uma questão complicada, porque a resposta dela não pode vir sem que outras questões sejam respondidas. A primeira dica é usar as roupas que estão na sua casa. Roupas de mães e irmãs são as clássicas primeiras peças de uma cross. Aproveite brechas das proprietárias para começar seu "test drive". O próximo passo é fazer um mini enxoval, eu guardava meu único sacarpin, uma calcinha e um soutien dentro de uma caixa com papéis no fundo do armário. Uma montagem completa vai exigir maior privacidade.



4 - DEVO DIVIDIR ESSE SEGREDO?
Eu preciso dividir esse segredo com mais alguém, em quem posso confiar?
Só você pode responder essa questão. É importante lembrar que esse segredo é muito íntimo e só você entende o quanto a manutenção do sigilo é importante. Cuidado ao confiar nas pessoas, a vida se transforma e muitos podem querer usar isso contra você no futuro. Dividir isso quando ainda tudo é confuso pode ser desastroso. Confiar em parentes próximos pode ser uma boa. Confiar em pessoas que também tem essa vida "dupla" pode ajudar. Mas sempre tenha atenção, antes de ter a certeza de quanto quer se expor, não seja seduzido pelo friozinho na barriga que precede a revelação do segredo numa conversa... é tentador querer contar.

5 - EU SOU NORMAL?
Eu não entedio por que tenho essa vontade, me acho um anormal entre meus amigos.
Você é normal! Tem suas próprias demandas, e se vestir de mulher é algo que você divide com muitos homens. A internet pode te mostrar o quão comum é esse "hábito". O problema é que toda essa oferta de informações sobre o tema podem te levar a falsas conclusões. É muito importante conversar com outras pessoas como você, talvez a experiência delas possa te ajudar. Converse com muitas pessoas, e veja o que pode fazer sentido na sua vida. Cada um tem sua história... nem tudo vai te servir, aliás, é bom ir se acostumando, achar o nosso manequim é uma das tarefas mais árduas do nosso dia a dia.


Jessica Hula Hopke


domingo, 28 de dezembro de 2014

sempre achei que era fácil assim receber um "wolf wistle". Descobri que não é, mas sempre que coloco uma mini saia...


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

HOMENS FOFOS E TOSCOS

No dia a dia, enquanto sou um sapo, olho para decotes, bundas, e tenho uma atração constante pelas mulheres, meu desejo é totalmente hetero. Mas quando me coloco dentro em um vestidinho e ponho uma peruca eu fico louca pelos homens. Não só olho para eles, mas fico esperando que eles me olhem. Garanto que minha montagem não é um escudo, já tentei várias vezes sair com homens sem estar montada, acho até que seria bem mais confortável, porque transar com tanta roupa e apetrechos é bem complicado. Mas não tem jeito, é só mesmo quando me monto e que quero me sentir mulher é que minha atração por homens se desperta. É aquele lance de CrossActing, que descrevi num post antigo.

Eu sei que esse  meu desejo é totalmente paradoxal, mas o que falar dos homens que se atraem por CrossDressers, Travestis e Transexuais? Com minha experiência acabei entendendo que podemos dividir em dois grupos de homens.

Os fofos

A maioria dos homens que estiveram comigo se aproximaram porque tinham uma curiosidade absurda sobre o tema, adoravam a perguntar sobre minha montagem, se interessavam pelas minha roupas e em como eu fazia para comprá-las. Me perguntavam como eu era no dia a dia... O resultado é que rapidinho o motivo real, que estimulava a atração do gato, vinha a tona: ele adoraria ser crossdresser e logo vinha uma sugestão para que eu saísse montada com ele. Me pedia dicas, e queria que eu ajudasse o gatão que me cantou a virar uma gatinha. Não tenho absolutamente nada contra a ajudar iniciantes, eu até acho bem divertido. Mas não era essa minha intenção quando ouvi a cantada do sujeito. decepção certa, dificilmente a coisa rolava como eu esperava.


Os Toscos

Por outro lado existe um outro tipo de homem, meio esquisitos e canastrões, muitas vezes até um pouco grosseiros. Esse tipo de homem não pergunta nada sobre a montagem e vem pra cima te chamando de mulherzinha, menininha, gatinha e outras coisas sempre no diminutivo. O interesse deles é bem claro e os papéis da transa são totalmente definidos. A maioria deles nunca se refere a eles mesmo como homossexuais nem bissexuais, sempre se dizem homens, por que é assim que eles agem. acabei entendo que esse tipo de homem procura uma afirmação, eles tem um enorme prazer de dominarem "outro homem" e fazer deles suas mulheres. Deve ser alguma fantasia de auto-afirmação do macho alfa que faz dos outros machos, suas fêmeas.

Na minha experiência, sair com um homem tosco sempre me deu mais prazer, sempre me realizei ao ir pra cama com um homem que me queria como mulher. Por outro lado, os homens fofos são muito mais compreensivos e se a curiosidade do gato for dosada, a transa pode ganhar novos contornos... sei lá pra quem curte.


5 dicas para descobrir que tipo de homem está te cantando é um fofo.


1 - Se logo no início, o gato ja te pergunta muito sobre peruca, make e roupas - Grandes indícios de ser um homem fofo. Se ele disser que gosta de "tudo", confirma. 

2 - Se na hora H ele não vem pra cima, e pede pra você desfilar um pouco - Desfilar? Fala sério.

3 - Ele ja tem mais de 30 e conta que sempre gostou do tema, desde pequeno, mas nunca rolou nada antes. - Sei, viveu até aqui numa redoma, e de repente, apareceu essa vontade.

4 - Antes das preliminares ele te pergunta: "O que é que você curte?" - O que que eu curto? Eu tô de vestido maquiada, com um homem... não te dei nem uma pista?

5 - Ele pergunta o tamanho do seu... - Pra que você quer saber?




5 dicas para descobrir que o homem é tosco


1 - Ele se define como 100% macho, Totalmente ativo... - Ta bom, não sou eu quem vai explicar pra ele que ele tem uma forma de atração homossexual. Vou aproveitar.

2 - Antes de conversar, te puxa pela cintura e te vira de costas. - Nada mais explícito

3 - Ele repete que você é a mulherzinha dele, a gatinha dele,... e as vezes pede pra você diga. - Eu adoro essa parte.

4 - Ele gosta de saber se você tem um lado masculino no dia a dia - Eles piram em saber que é só pra eles que você é feminina.

5 - Perguntam se você é depilada - Pode ir procurando uma gilete se não for, eles correm de pêlo.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

FIIIU FIIIIIUUUU!

Fiiu Fiiiuuu


Semana passada circulou pelas páginas dos amigos do meu lado sapo um vídeo criticando o “assédio na rua”. As mulheres entrevistada no tal video reclamavam da constante provocação masculina em resposta a ao visual atraente ou as roupas sensuais que usavam. Uma das entrevistadas aceitou trafegar pela cidade (americana) vestindo uma saia curta e uma câmera escondida para captar os olhares masculinos. Cada vez que a garota passava pelos homens, eles reagiam de várias maneiras, alguns falavam bobagens do tipo “ô lem casa!”, outros lambiam os lábios…, e todos faziam o chamado “butt check”, ou seja, olhavam para a bunda da moça assim que ela passava por eles. 
Nenhuma novidade, reações iguais aqui no Brasil e na maioria dos países latinos. É comum, é cultural mas é normal? Dificil responder. As moças do vídeo reclamavam, minhas amigas ultrafeministas também e comentavam esse comportamento dos homens comparando-as a estupros virtuais. Na lista de comentários do post a polêmica cresceu, homens dizendo que aquilo era normal, mulheres bravas afirmando que esse comportamento deveria ser criminalizado, homens sensíveis dizendo que isso destrói a auto estima das mulheres, mulheres liberais dizendo que gostam de ser cantadas (e quando não recebem uma cantada aí sim sentem sua auto estima atingida)…

Numa conversa num café com duas amigas que sabem que sou crossdresser, a conversa continuou. Uma delas me disse que se sente muito mal ao ser observada quando passa por um grupo de homens, outra disse que sempre que vê a possibilidade de passar por uma situação dessas, atravessa a rua para não escutar nenhuma barbaridade. Outra me perguntou o que sinto quando ponho roupas justas e passo por um grupo de homens… Respondi que não era a mesma coisa, por que a reação pública que nos incomoda é aquele tipo de comentário preconceituoso que nos diminui ao ridicularizar o homem que se veste com roupas femininas. Quem sai montada deve ter sua própria coleção de: “Que cara doente”, “Que absurdo”, “Uy, boneca!”, “Ta lindo heim? bichona”… (risos) Só rindo. Dependendo de onde se anda, é esse o "assédio" que a gente recebe: algo que desaprova nossa condição de crossderesser.  Por outro lado, quando a reação não é de repulsa, mas sim um comentário com um mínimo de desejo, mesmo que cafajeste, adoro! Me lembrei da minha última saída, quando passei por um grupo de taxistas ao chegar numa boate do centro de São Paulo. Um dele assobiou, outro deu uma risada e outro arriscou uma cantada me chamando de loirona… eram todos bem grosseirões, e tudo que falavam tinha tom de deboche. Fiquei um pouco incomodada, mas na verdade eu gostei. Acho que o que me fez gostar foi justamente por me sentir numa posição exclusiva das mulheres. 

É um tema polêmico, não há conclusões. Vale refletir e debater. Decididamente não é esse mais um caso de colocar o estado para substituir o bom senso e a educação, nada de criminalizar isso. Mas vale pensar se esse tipo de cantada que óbviamente não vai funcionar não é só um jeito grosseiro do macho neandertal mostrar pra fêmea, que está interessado naquele “pedaço de carne”… horrível, não? Mas o chocante é que talvez a gente goste de levar cantadas desse tipo quando estamos como mulher, por que ainda conservamos um pensamento machista, que acha que é essa a posição da mulher. Para refletir…

Veja também:
http://nadafragil.com.br/mulheres-e-o-assedio-nas-ruas/
http://www.mundodastribos.com/belgica-aprova-lei-que-condena-cantada-nas-ruas.html

terça-feira, 22 de julho de 2014

SAPOS SALVEM-NOS!


Para quem é crossdresser e vive entre uma vida dividida em dois lados, relato aqui uma situação que me provocou muita reflexão sobre importância do nosso lado sapo.

Ontem na minha identidade secreta anfíbia, estive em um (not so) happy hour, com colegas de escritório de um amigo. A cena toda já beirava o insuportável pelos diálogos senso comum e as piadas infames. Estava prestes a me levantar para retirar educadamente do recinto, quando uma das mulheres à bordo começou a narrar uma história de uma amiga: ex-mulher de um crossdresser. Obviamete, desisti de ir embora, mas fingindo desinteresse pela história, fui observando o desenrolar da narração verificando as reações do público.

O assunto deu ibope, e logo unificou 3 núcleos de conversa daquela mesa com 9 pessoas. A narradora ficou animada e passou a acrescentar comentários irônicos ao fim de cada trecho, a mesa inteira ria a exaustão. - OK, toda mesa de "happy Hour" já um pouco calibrada com destilados misturados com fermentados ri à exaustão de qualquer assunto que foge do convencional - mas ali, passava um pouco da média.

A história era comum para quem conhece nosso mundo: a mulher foi casada por quase 11 anos com o marido cross, sabia dos hábitos ""depravados"" do marido. Tinham um casamento aparentemente feliz com dois filhos. Não houve detalhes sobre os motivos da separação, mas pelo visto deve ter sido de comum acordo e ambos estão em novos casamentos heterossexuais.

Como no enredo nada foge do que sabemos, melhor tentar replicar alguns trechos da conversa, com seus respectivos comentários.

- A NOME DA AMIGA era casada normal (seja lá o que isso queira dizer)... Mas o cara era crossdresser, sabe? Tipo aquele desenhista lá, o Laerte. Com essa introdução a história ficou popular e ganhou todos os ouvintes. Fiquei feliz ao ver que ao abordarem o Laerte, um dos ouvintes quase criou um novo núcleo de conversa ao começar a relembrar o quanto gostava de "Piratas do Tietê" na adolescência.  Há esperança no mundo! Mas a conversa sobre quadrinhos não vingou, o inusitado caso do homem que se veste de mulher continuou como único tópico.

- Quando a NOME DA AMIGA me contou eu não acreditei e não segurei o riso, ele era o maior gordão, fala sério! Imagina ele vestido de mulher. - O irônico aqui é que a narradora era uma simpática mulher de 38 anos, que ja passou dos 100 kilos ha muitas porções de batata fritas.
- Ele devia alargar todas as calcinhas da esposa. Não, queridinho, ele devia ter as próprias calcinhas...
- Olha que doente, imagina. Querer se vestir de mulher? Recuso a me pronunciar sobre esse último comentário.

- Imagina que inferno que a NOME DA AMIGA teve que aguentar... casada por 11 anos com esse depravado. - Claro! Ele prendeu a esposa por 11 anos, ela vivia trancafiada! Será que não é obvio que deveria existir motivos para fazer a mulher permanecer no casamento?
- Ela sofreu demais, coitada! Que humilhação Disse uma outra mulher presente.
- Ela me disse que morria de vergonha de sair na rua com ele, por que ela ja imaginava ele vestido de mulher! Continuou a narradora, sem se dar conta que da estupidez da reclamação da amiga. Ela se referia a algo íntimo do seu marido, que aparentemente era guardado e não fazia parte da vida social dele... não faz o menor sentido a esposa sentir vergonha em público dessa questão privada e exclusiva do marido. A coisa continuou.

- Mas ele era infiel? - Perguntou uma das mulheres.
- Que pergunta? Claro, ele se vestia para dar a bunda! - Respondeu o cara que até ali tinha parecido ser o mais sensato, ao comentar as HQ's do Laerte.
- Nada... maior enristada! Parece que o cara só se vestia em casa. - Disse a narradora.
- Eu preferia ser a maior chifruda do que ter um homem que usasse roupas de mulher! - Concluiu a mesma mulher.

E assim foi.

Juro que ensaiei intervir por mais de uma vez, queria comentar, argumentar, tirar aquela descrição caricata. Não conseguia, toda a mesa ria descontrolamente sem espaço para comentários não irônicos... Talvez o fato d'eu ser o amigo de fora tenha me inibido um pouco, mas eu não via como intervir. Mas de repente me vi rindo junto com eles, talvez para me camuflar na barbárie. Me senti muito mal, traído... e acabei fazendo um comentário que talvez seja o mais preconceituoso até ali:
- Poxa mas a NOME DA AMIGA deve ser um desastre, o cara teve que ser o homem e a mulher da relação! Depois de algum momento de silêncio dramático, as risadas voltaram, e os comentários seguiram por outra direção.
- Essa não é aquela sua amiga que tem bigode?
- Hahaha... ta explicado ela é que pedia, coitado do sujeito.
E a bárbarie continuou pro outro lado.

A conversa acabou de uma hora pra outra, perdendo para o comentário sobre o novo técnico da seleção. Pararam de maldizer a Branca de Neve de fim de semana, mas daí em diante foi o Dunga que começou a levar porrada.

Saí dali com algo que não me saiu da cabeça. Todas as Cross querem e merecem respeito, mas o primeiro respeito que precisamos conquistar são das nossas versões "sapos". Não são nossas versões delicadas de femininas que vão mudar a forma como a sociedade nos vê, são nossas opinões sem as máscaras, perucas e cílios postiços. Nossas versões Cross se expõem, falam verdades - escrevem Blogs (mea culpa), mas é como sapos, dentro dos núcleos sociais que convivemos é que podemos mostrar nossas idéias e interferir positivamente para a aceitação do diferente. Para quem tem dois lados, é importante entender que o nosso lado masculino deve proteger o lado feminino. Só nossos lados homens podem nos defender dos massacres cruéis do pensamento convencional, em "happy hours" onde coxinhas comem batata frita e detonam irresponsavelmente a forma como vivemos. Por isso, não se calem quando ouvirem um comentário preconceituoso sobre uma questão sobre transgêneros. Recusem a participar de conversar sobre esse assunto... e na medida do possível, mostrem aceitação! São os Sapos que devem se levantar, enfrentar a barbárie e salvar as princesas.









domingo, 6 de julho de 2014

CASA SUSANA

Hoje achei num post no "Face" uma matéria sobre a Casa Susana. Dei uma pesquisada mais aprofundada e descobri um achado! Uma casa dos anos 60 que aceitava homens nos fins de semana onde eles poderiam se expressar e se vestir como mulheres. Confiram a matéria que "deu no New York Times":


Parece um precursor dos apartamentos (cages) onde grupos de crossdressers se juntam para se montar e dividem as despesas do local. Mas era mais do que isso! Eram os Estados Unidos, nos anos 60! O padrão másculo heróico dos homens era bem definido, e mais do que isso, exigido. Época do "homem não chora", imagina passar batom e usar vestidos - lindos aliás. 

A Casa Susana não era só um clube de crossdressers. Era um refúgio para o lado feminino desses homens, que precisavam descansar esse lado delicado, tão maltratado durante os dias de trabalho. Um tipo de spa, onde os machões podiam mostrar seu lado delicado e feminino. 


as montagens eram impecáveis, não eram "homens num vestido"


odalisca oriental bem a vontade

parece que o vício por fotografia não é algo só das crossdressers de hoje!



eu morro de inveja "desses japoneses", sempre ficam ótimas!

não importa a época sempre tem uma cross que parece nossa tia





quinta-feira, 15 de maio de 2014

CrossActing

Certo, você se vestiu, maquiou, arrumou a peruca e está tinindo. Conferindo no espelho, você vê uma gata e não mais aquele cara que você ta acostumada a ver la dentro. Você começa com algumas poses, se seu espelho estiver numa parede longe, treina alguns passos, provavelmente vai colocar as mãos na cintura e vai rebolar um pouco. Algumas falas ensaiadas vão vir a seguir, tipo a versão delicada do “Ta falando comigo” do Taxi Driver… Mas e aí, o que vem a seguir?

Se você ja for uma Cross emancipada, vai para a rua, algumas se contentam com um simples passeio no quarteirão, dentro o carro… as mais ousadas vão andando. Outras querem ir a um bar, uma boate, onde poderá se “mostrar” um pouquinho…Tanto tempo de produção e tanto capricho merecem ser apreciados. Festas e encontros com outras CDs é uma ótima opção.





Cresci me vestindo de mulher sempre que tinha chance. Meu palco era o banheiro da minha mãe, pegava as peças que queria, me trancava la dentro e fazia poses, caras e bocas. Logo comecei a abrir a porta do banheiro e caminhava até o quarto, onde me admirava no espelho sessenta polegadas que ela tinha na frente da cama. O tamanho do espelho era um atrativo, mas o que eu gostava era de me expor, de sair da segurança do banheiro e ficar vulnerável. O quarto dela era o primeiro ambiente do mundo “real” que eu entrava como mulher. 

Falo por mim, mas não me parece que a gente se monta só pra gente. Alguém precisa nos ver, é preciso poder entrar no mundo com nossa versão mulher. Eu preciso poder interagir com outras pessoas para ser a Jessica. Montagem solitárias, são boas para experimentar roupas, também podem dar sessões de fotos e ensaios bem bacanas, mas a novo passo dado de salto alto, os passos anteriores parecem não ser mais suficientes. 

Ao entrar nesse mundo com a lente cor de rosa que as roupas nos proporcionam, há um mundo de novas possibilidades a serem exploradas. Passamos a experimentar o mundo de um novo modo. Quando realmente estou de Jésssica, eu ajo diferente, tudo é mais delicado, e tenho chance de transformar coisas rotineiras e habituais em ações novas e interessantes. Ha alguns dias convidei uma amiga para jantar na minha casa. Preparei a mesa, ajustei a iluminação, escolhi os discos… tudo com um toque feminino aguçado. Nunca tinha feito isso como mulher. Concluí que ser Jéssica é um estado de espírito que extrapolam as roupas. Os vestidos, maquiagem e salto alto são ferramentas para me levar a esse estado feminino. 

Acabei entendo que é isso que sempre procurei, não é uma questão de usar as roupas femininas. Para mim as roupas são um meio e não um fim. É o toque suave da meia calça, a postura imposta pelo salto alto, a pressão do corpete na minha cintura, a leveza do vestido balançando ao me movimentar… enfim, cada peça é um meio capaz de me fazer sentir o feminino e facilita agir como Jessica. Talvez além do CrossDresser, exista mais uma experiência: o CrossActing.




quarta-feira, 30 de abril de 2014

Meus filmes Crossdressers

Não foi fácil crescer crossdresser numa era pré-internet. Se qualquer menino que quer se vestir de menina tem suas confusões, imagine passar pela infância/adolescência sem poder se informar sobre essa vontade misteriosa. Eu nunca me abri com ninguém, me vestia escondido sempre que tinha chance de usar as roupas da minha mãe. Não tinha a menor idéia do por que eu gostava tanto de usar aqueles vestidos, meias calça, colans... A primeira vez que eu vi um homem vestido de mulher foi no cinema, ao mesmo tempo que fiquei maravilhado com a idéia de que aquilo não era tão fora do comum, minha curiosidade aguçou. Cada filme me apontava um novo caminho, me dava uma nova idéia ou me dava segurança para seguir meu caminho.

Tootsie - Quando assisti o Oscar numa noite da década de 80 descobri que um dos atores tinha sido indicado ao prêmio por ter interpretado uma mulher - ou melhor: um homem que se vestia de mulher. Era tanto elogio a Dustin Hoffman e tanto respeito pelo trabalho do ator que me deu confiança suficiente para saber que poderia haver "dignidade" naquele meu interesse por vestidos. Fiquei em choque e foi difícil esconder meu interesse por um filme que não era o tipo de filme que eu costumava assistir. Sempre que ia alugar algum filme de ação, perguntava na locadora quando Tootsie chegaria às prateleiras. Demorou, acabei assistindo na TV. Gravei e re-assistia sempre que podia, principalmente a primeira cena de transformação.


Quanto mais quente melhor -No início da era do DVD descobri um filme clássico que me aproximou do mundo crossdresser de duas maneiras: O crossdresser é mostrado de uma maneira leve, divertida e com humor. O personagem vestisdo de mulher, contracena com a expressão máxima do feminino (pelo menos pra mim): Marilyn Monroe. Estava no final da adolescência e percebi ali que além de gostar de usar vestidos e salto alto, se eu pudesse fazer isso na frente de uma mulher real aquilo me deixaria mais satisfeito. Demorou pra isso acontecer, mas foi graças a "Quanto mais quente melhor" que eu percebi que a linha que separa desejar "ser" ou "ter" a mulher atraente é bem tênue. Exatamente o que  Richard Novic diz no livro Alice in the Genderland. Marlyn feminina como nunca, contracenando com um homem totalmente vestido é ao mesmo prazeroso e desconcertante.



Priscilla a Rainha do Deserto - No início da década de 90 a cultura clubber bombava e as Drags começavam a aparecer no Brasil. Graças à Priscilla as Drags Queens se multiplicaram,  abrindo caminho para minha vontade de sair vestido de mulher nas ruas. A irreverência dos personagens do filme me ajudaram a construir a segurança que eu precisava para começar a me definir como Jéssica. Eu queria sair vestido de mulher. Já estava na faculdade e me vestir escondido não era suficiente, Drags nas baladas GLS me deixaram a vontade para sair pela primeira vez completamente "vestido".


Para Wong Foo - Logo depois de Priscilla, Para Wong Foo estreou. Foi difícil justificar para minha namorada na época por que eu queria ver aquele filme que parecia uma cópia barata do "Priscilla".  Realmente o filme não é lá aquelas coisas, mas a delicadeza das "meninas" do filme me ajudaram bastante, eu realmente nunca consegui ser tão "show off" como as meninas australianas. Se eu sou delicada e contida... Patrick Swayze me ajudou.





Ed Wood - Nesse caso foi minha namorada que insistiu para ver Jhonny Depp, não sou muito fã de filmes B. Mas Ed Wood tem um dos melhores diálogos sobre o tema: - "Eu adoro vestir roupas de mulher, calcinhas, blusas, sutiãs... é algo que eu faço!" A garota intrigada perguntava: "Você não gosta de sexo com garotas?" e ele respondia sorrindo - "Eu adoro sexo com garotas, usar roupas de mulher fazem me sentir mais perto delas!" Não tinha jeito melhor de explicar. Anos depois foi exatamente com esse diálogo que abri o jogo para a Laura Wood... Ops será que o sobrenome dela tem alguma coisa com o filme?



My Life in Pink - Esse foi o único filme que eu assisti depois de ter lido um bocado sobre o tema na internet. Mesmo assim,  foi uma das mais intensas experiências cinematográficas. Nesse filme o tema é a questão do gênero na infância. Fiquei bastante mexida em ver situações semelhantes as que eu havia passado e escondido atrás da peruca em alguma parte da minha cabeça. De longe é o filme mais poético desses todos, é difícil de encontrar, mas vale a pena.


Bem, hoje tudo é diferente. O tema está debatido online ao alcance de todo(a)s. Mas com tanta informação descabida sobre crossdressers espalhadas em um monte de sites e bloggs "sem noção" (inclusive esse). Dar uma corridinha ao torrent vai ajudar bastante. Bom programa.




sábado, 26 de abril de 2014

Meu namorado é (também) uma crossdresser.

Laura Wood

“Quando você me contou que também gostava de menina, já imaginei que ia dar certo”. Foi a última frase que ele disse ao me contar que era uma crossdresser. No início, confesso que a surpresa foi tão grande que nem entendi direito, ele precisou repetir e me explicar como se eu nunca tivesse ouvido falar: “Sabe o Laerte? Então...” Nós dois sabíamos que aquela conversa mudaria nossa relação para sempre. E de fato mudou.
Eu achei tão inusitado e divertido que durante uns dois ou três dias me pegava rindo sozinha, recordando a revelação e imaginando como seria a versão feminina daquele cara tão viril, com pelos, que me satisfazia na cama como ninguém até ali. Mais do que o estranhamento, entretanto, o motivo das risadas era a alegria de perceber o quanto aquele relacionamento já era profundo o suficiente para que ele me confiasse algo tão íntimo. Um outro tipo de laço se estabeleceu entre nós quando eu soube da existência da Jessica.
Daí para frente, fui invadida por uma curiosidade gostosa, como a da criança que vai percebendo que o mundo é muito mais que a casa onde vive. E ia surgindo uma pergunta atrás da outra: “Como ela é, como se veste?”; “Ela frequenta festas, tem amigas?”; “Como você se monta? Tem foto?”. Assim, a cada pergunta respondida, a porção mulher do homem por quem eu estava apaixonada ia tomando vida também dentro de mim e eu ia me preparando para um dia conhecê-la em carne e osso. E a postura dele ao me explicar tudo com tranquilidade e leveza contribuía muito para que o medo fosse tomando a medida que se tem frente a uma novidade.
É claro que essa expectativa não era só excitação, havia algum receio – em nós dois – se a experiência não diminuiria o desejo que eu sentia por ele, se não enfraqueceria sua imagem como homem. Intimamente eu sabia que não sentia tanta atração por mulheres como ele imaginava, a verdade é que não era indiferente a elas e tinha algum desejo, mas nada que se comparasse ao que sentia pelos homens. Até ali, todas as (pouquíssimas) vezes que estivera com meninas, eu vivera uma aventura, mas desta vez eu conheceria a mulher que vivia dentro do homem que eu amava. E muito.
Estávamos dispostos, no entanto, a deixar a insegurança de lado e confiar no amor que sentíamos um pelo outro. Da minha parte, sempre entendi que aquilo nada tinha a ver comigo: vestir-se de mulher, construir – e manter viva – uma persona feminina era uma demanda dele, muito antes de me conhecer e se apaixonar por mim. Por que isso afetaria nossa relação?
A primeira coisa que vi foram fotos de uma Jessica sexy e delicada, que posava na frente do espelho e parecia orgulhosa do resultado. A meia-calça rendada, o salto alto, a boca pintada de vermelho e o olhar vivo, sexy, me faziam sentir cada vez mais atraída por aquela mulher que também poderia ser minha.
Poderia. Eu ainda precisaria conquistá-la.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Catálogo para Transgêneros

Na tentativa obsessiva, em que tudo é catalogável, ninguém escapa de uma rotulação aqui ou ali. Eu não gosto de me definir. Mas dentro da categoria “homens que se vestem de mulher” acho que a gente pode tentar fazer umas distinções. Eu vejo uma linha contínua entre cada um desses tipos. Eu mesmo ja percorri parte dessa trilha. Posicionei de forma crescente, como os tipos vão evoluindo, partindo de um desejo por certas peças de roupa até a a transformação plena para o corpo mulher. Cada um dos tipos pode ser uma prática isolada ou ser uma etapa de um caminho que será percorrido progressivamente pelo “transformer”. Pouquíssimos transgêneros percorrem todo essa percurso, em geral cada pessoa chega a um nível e se estabilizam por ali, permanecendo desse jeito por toda a vida.  Me baseei nas pessoas que conheci e em como eu vivo minha relação com o gênero, separei 6 graus crescentes - ah, como sou fina ! - se você está ou esteve em uma dessas etapas, me conta e me ajuda a fazer essa Crossdressipedia!

Atenção, isso aqui não é nenhum estudo científico, é só um apanhado de informações que fui colhendo nessa minha vida de peruca e salto alto.



1 - UnderDressers A porta de entrada para esse universo rosa é o underDresser. O homem desenvolve uma atração por peças de roupas femininas, e começa vestindo escondido. O próximo passo é usar essa peças por baixo da roupa - Hmmm eu me lembro quando fui a faculdade usando uma calcinha de seda. A sensação de transgressão e de sentir o toque da lingerie por baixo da roupa de homem provoca um bem estar indescritível. Usar calcinhas, sutiãs, meias calça dentre quatro paredes também faz parte das práticas do underdresser. Muitos homens se satisfazem plenamente assim, mas para uma grande parcela, usar só essas peças não é mais suficiente.






2 - FullDressers - Quando vestir só algumas partes não é suficiente para o prazer, o homem passa a tentar completar o figurino. Vestidos e sapatos de salto se juntam a “montagem” para performances solitárias ou no máximo com o parceiro dentre quatro paredes. Seções de fotos, auto exibicionismo, masturbação ou tudo isso junto caracterizam o FullCrosser. A caracterização ainda não é total, não há perucas e maquiagem, mas é nessa etapa que uma persona feminina começa a florescer. O gestual, a voz e os desejos de mulher começam a se definir.




3 - CrossDressers - A CrossDresser ja tem peruca (ou um penteado que usa o cabelo da sua versão masculina), tem um book com suas fotos, nome e geralmente uma conta no twitter, facebook, gmail… quando cheguei a essa etapa era Orkut - pistas da idade, credo! A crossdresser já cruzou totalmente os padrões da vestimenta de gênero, o make já é mais elaborado, a peruca completa o visual. O gestual e a voz compõem o visual: nasce uma persona feminina. Após a “montagem”, falas para o espelho, breves desfiles de salto alto dentro do quarto, poses para fotos e encenações vão dando vazão a essa mulher. Nem toda Cross afina a voz ou se movimenta com maneirismos - a atitude feminina pode variar de CD para CD. Totalmente vestida, ela já está pronta para interagir e sair em público, mesmo assim muitas continuam a expressar seu lado mulher em casa ou em círculos reservados.





4 - Drag Queens - As Drags geralmente são homens gays que se transformam em mulheres de arrasar. Geralmente se vestem pros shows, e “quebram tudo”. Dublam, fazem imitações, contam piadas… As drags são um tipo de personagem caricato. Na maioria das vezes a versão feminina é mais marcante do que a versão masculina do sujeito. A intenção não é fingir ser mulher, é uma homenagem cheio de exageros e estilizações, que criam figuras fortes, debochadas, mas sem deixar de ser atraentes e muito femininas… O feminino é reinterpretado.









5 - Travestis - Quando “se montar” e expressar  seu lado feminino em momentos específicos não é mais o bastante, a alternativa é passar mais tempo como mulher. Todo travesti foi crossdresser um dia, mesmo que por muito pouco tempo, ou durante uma idade muito jovem. Depois da decisão de se “transformar em mulher”, os travestis transformam seus corpos. Plásticas, próteses, depilações definitivas, hormonização… tudo isso é usado para a transformação permanente. Um travesti vive 100% do seu dia a dia como mulher, mesmo assim nem todos eles dizem sentirem-se mulheres presos em corpos de homens. A maioria convive com bem com o que ainda reservam de seus lados masculinos. Por isso mesmo, na sexualidade os travestis podem executar papeis ativos, muitas vezes é essa “performance” que é procurada pelos seus parceiros homens.















6 - Transexuais - O último passo da evolução do “processo” de feminização. A transformação total do corpo do homem no de uma mulher, recriando totalmente o seu corpo, corrigindo qualquer característica masculina. O órgão sexual é refeito e uma vagina é construída. Os transexuais sentem-se mulheres nos corpos errados. A dicotomia entre mente feminina e corpo masculino as agride a cada conferida no espelho. A relação deles com os órgãos sexuais masculinas é de repulsa e o sofrimento, justifica a operação que conclui a transformação. 

agradeço o sempre genial Laerte, de quem emprestei as tiras para ilustrar esse texto quadrado.  








terça-feira, 22 de abril de 2014

Eu me rendo, criei um blog! Queimei minha lingua. Confesso que sempre vi com um certo deboche blogs de crossdressers e travestis. Me parecia só mais uma atitude vaidosa-digital da era do "celebrety feelings" em que somos nossos paparazi. Não quero dizer que eu não adore me exibir, mas meu sempre preferi me expor nas pistas de danças e nos balcões dos bares. Mas em baladas não tenho muita chance de falar o que penso... principalmente sobre minhas reflexões sobre minha condição de gênero.

O debate a cerca das questões de gênero ganhou mais evidência, mas ainda estamos anos luz das conquistas em relação a sexualidade. Confundimos a conquista parcial da aceitação social do homossexualismo com a aceitação dos transgêneros. Talvez antes de sermos aceitos precisamos nos entender. Não é fácil. Cada crossdresser é diferente. Nenhuma de nós sabe exatamente o motivo pra se vestir de mulher. Tenho me perguntado isso de todas as formas, procurando respostas em relatos, livros... me analisando, só ainda não apelei para um pai de santo, mas uma amiga minha me garante que isso é um encosto. Hahaha... um encosto de muito bom gosto, se esse for o caso.

Cheguei a algumas respostas. Não me sinto uma mulher no corpo de um homem, como muitos transexuais se definem. Também não me produzo desse jeito para aceitar uma possível bissexulaidade... Não tenho nenhuma vontade de ser mais mulher do que tenho sido nas noites de sexta e sábado... Mas Muitas perguntas e apenas uma resposta: me sinto bem quando coloco um vestido!
Aqui começa meu "molesquine" digital. Não escrevo para ninguém ler, por isso, melhor não levar muito a sério o que vão ler. Não me sigam, também estou perdida, mas estou a-man-do tentar me encontrar!



Jessica Hula