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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

FIIIU FIIIIIUUUU!

Fiiu Fiiiuuu


Semana passada circulou pelas páginas dos amigos do meu lado sapo um vídeo criticando o “assédio na rua”. As mulheres entrevistada no tal video reclamavam da constante provocação masculina em resposta a ao visual atraente ou as roupas sensuais que usavam. Uma das entrevistadas aceitou trafegar pela cidade (americana) vestindo uma saia curta e uma câmera escondida para captar os olhares masculinos. Cada vez que a garota passava pelos homens, eles reagiam de várias maneiras, alguns falavam bobagens do tipo “ô lem casa!”, outros lambiam os lábios…, e todos faziam o chamado “butt check”, ou seja, olhavam para a bunda da moça assim que ela passava por eles. 
Nenhuma novidade, reações iguais aqui no Brasil e na maioria dos países latinos. É comum, é cultural mas é normal? Dificil responder. As moças do vídeo reclamavam, minhas amigas ultrafeministas também e comentavam esse comportamento dos homens comparando-as a estupros virtuais. Na lista de comentários do post a polêmica cresceu, homens dizendo que aquilo era normal, mulheres bravas afirmando que esse comportamento deveria ser criminalizado, homens sensíveis dizendo que isso destrói a auto estima das mulheres, mulheres liberais dizendo que gostam de ser cantadas (e quando não recebem uma cantada aí sim sentem sua auto estima atingida)…

Numa conversa num café com duas amigas que sabem que sou crossdresser, a conversa continuou. Uma delas me disse que se sente muito mal ao ser observada quando passa por um grupo de homens, outra disse que sempre que vê a possibilidade de passar por uma situação dessas, atravessa a rua para não escutar nenhuma barbaridade. Outra me perguntou o que sinto quando ponho roupas justas e passo por um grupo de homens… Respondi que não era a mesma coisa, por que a reação pública que nos incomoda é aquele tipo de comentário preconceituoso que nos diminui ao ridicularizar o homem que se veste com roupas femininas. Quem sai montada deve ter sua própria coleção de: “Que cara doente”, “Que absurdo”, “Uy, boneca!”, “Ta lindo heim? bichona”… (risos) Só rindo. Dependendo de onde se anda, é esse o "assédio" que a gente recebe: algo que desaprova nossa condição de crossderesser.  Por outro lado, quando a reação não é de repulsa, mas sim um comentário com um mínimo de desejo, mesmo que cafajeste, adoro! Me lembrei da minha última saída, quando passei por um grupo de taxistas ao chegar numa boate do centro de São Paulo. Um dele assobiou, outro deu uma risada e outro arriscou uma cantada me chamando de loirona… eram todos bem grosseirões, e tudo que falavam tinha tom de deboche. Fiquei um pouco incomodada, mas na verdade eu gostei. Acho que o que me fez gostar foi justamente por me sentir numa posição exclusiva das mulheres. 

É um tema polêmico, não há conclusões. Vale refletir e debater. Decididamente não é esse mais um caso de colocar o estado para substituir o bom senso e a educação, nada de criminalizar isso. Mas vale pensar se esse tipo de cantada que óbviamente não vai funcionar não é só um jeito grosseiro do macho neandertal mostrar pra fêmea, que está interessado naquele “pedaço de carne”… horrível, não? Mas o chocante é que talvez a gente goste de levar cantadas desse tipo quando estamos como mulher, por que ainda conservamos um pensamento machista, que acha que é essa a posição da mulher. Para refletir…

Veja também:
http://nadafragil.com.br/mulheres-e-o-assedio-nas-ruas/
http://www.mundodastribos.com/belgica-aprova-lei-que-condena-cantada-nas-ruas.html