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sábado, 17 de janeiro de 2015

COMO É NOSSA VERSÃO "MULHER REAL"?

Essa entrevista de Dustin Hofman ao American Film Institute me fez refletir sobre uma questão fundamental a qualquer crossdresser. Como é nossa REAL VERSÃO feminina? 
Na entrevista, Dustin comenta que durante a preparação do filme Tootsie, procurou por uma "transformação" convincente. Ele não pretendia se envolver em um filme em que interpretasse um personagem caricato e irreal. Por isso, determinou que a montagem deveria lhe permitir passar despercebido durante uma caminhada em uma rua movimentada de Nova York. A equipe de maquiagem do filme, especializada em caracterização pra lá de convincentes fez o melhor, deu certo. Mas Dustin acabou descobrindo que a sua versão feminina não era atraente. O ator comenta, com um certo pesar, que jamais falaria com sua versão mulher se a encontrasse numa festa. Segundo os maquiadores, não haveria como deixa-lo mais "sexy"sem deixa-lo forçado, irreal. 


Sempre que preparo um figurino, busco roupas justas, curtas... quero mostrar formas, carrego na maquiagem, quero aparecer, chamar atenção, brilhar. Mas me pergunto como seria se eu fosse uma mulher comum, como minhas amigas no dia a dia. Qual seria minha versão mulher-real, meu lado "Tootsie"? Desde a primeira vez que me vestir de mulher, sempre quis ver no espelho uma mulher atraente e sexy. Queria ver uma mulher que me atraísse. 

Nenhuma crossdresser se veste de mulher para se transformar em uma mulher desinteressante e sem sex appeal. Mas pensando com cuidado, vamos descobrir que esse culto ao feminino que toda cross menciona ao "explicar" esse desejo de ser mulher  (Pelo menos por algum tempo) vem carregado de um certo machismo: uma visão quase estereotipada que obrigaria toda mulher a ser atraente e sexy. 
Não há nada de errado em querer ser atraente, mas pouca mulheres estão preocupadas com isso 100% do tempo, não é aí que está o "feminino". Nessa redução do lado feminino a uma experiência visual única, acabamos perdendo a oportunidade de deixarmos nosso lado feminino florescer, em outras áreas. E perdemos a chance de desenvolver qualidades muito mais profundas ao entrar em contato com nosso lado feminino. 

Falo por mim, talvez eu nunca tenha querido me ver como mulher real e tenha sempre optado por brincar com a feminilidade. Mas acho que com isso, deixei de me aproximar pelo lado feminino, me encantando e distraindo pelo lado "afeminado". Confusão comum, não?


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